Geralmente, a mesa aqui de casa não recebe nenhum tipo de adorno, afora o vaso vermelho com flores – naturais, sempre sendo substituídas. Porque ninguém aqui é muito fã de frufrus e, principalmente, porque a mesa é usada o tempo todo e fica muito mais prático se não tiver nada sobre ela. (Nada é figurativo, porque sempre tem umas letrinhas ou copinhos de plástico do Enrico, para os momentos de tédio durante o almoço ou o jantar…)
Só que a mesa nova, apesar de igual, pedia uma espécie de comemoração visual. então abri a gaveta dos tesouros de crochê – aquela em que guardo toalhinhas feitas pela minha avó e pela minha tia, totalmente vintage – e escolhi um “guardanapo” (como diria a minha mãe) vermelho, crochetado pela minha tia Hedy com uma linha bem fininha, antes mesmo de eu nascer. Na verdade, é um kit, com vários. Foi feito, originalmente, para enfeitar a penteadeira e os criados-mudos do quarto da minha mãe. Isso lá nos anos 70, quando o quarto da minha mãe era de madeira envernizada e o vermelho era uma cor cheia de bossa para coisas de casa.
Minha mãe guardou todos os crochês dessa época, claro. Ninguém teria coragem de se desfazer de peças tão delicadas e raras. Sim, raras, porque hoje em dia ninguém mais quer fazer crochê com linha fina, porque dá muito mais trabalho. E eu fui, aos poucos, montando uma pequena coleção, só com peças de família. Já usei alguns num quadro que coloquei na parede do meu quarto, já coloquei outro no cantinho do chá na cozinha… aos poucos, vou encontrando uso para cada um deles, porque não gosto de deixar as coisas guardadas. Sabe aquele chavão que diz que “o que é bonito é para ser mostrado”? Concordo plenamente, ainda mais guando se trata de casa e de heranças familiares.
Provavelmente você nunca vai chegar aqui em casa e ver uma cena como essa, da mesa arrumadinha no estilo das casas da minha infância. Mas que eu gosto dessa imagem, ah, isso eu gosto, viu?
Para saber mais: